Filme: Capitão Fantástico

Por Cecília Fernandes - quarta-feira, setembro 20, 2017


Depois de assistir esse filme algumas vezes, acabei adicionando-o à minha lista de filmes favoritos. A paixão pela história surgiu desde o início, quando recebi a indicação por parte de alguns amigos meus, e fui motivada a resenhar a obra no blog a fim de passar adiante a recomendação. Espero que gostem e apreciem a mensagem incrível por trás do enredo do filme.

O filme Capitão Fantástico tem como protagonista Ben Cash (Viggo Mortensen), pai de seis filhos criados longe da civilização. Educados na natureza com uma rotina de exercícios físicos intensos, leitura erudita, estudo de línguas, conhecimento musical vasto, as crianças aprendem desde a caçar até construir os próprios utensílios e vivendo de acordo com os princípios da sociedade ideal de Noam Chomsky. Após o suicídio da mãe dessa família, motivada pelos seus transtornos bipolares, a família é obrigada a migrar até a cidade dos pais da mesma a fim de atender ao enterro cristão e tentar impôr a vontade da matriarca, Leslie (Trin Miller), deixada por escrito em um testamento.

O conflito principal do filme mostra uma família educada a lidar com tudo, exceto a realidade capitalista existente fora da região em que vivem. A narrativa é construída sobre a ideia de que a fuga de um sistema autoritário pela defesa de uma vida livre e igualitária acaba permitindo a criação de um outro regime dominador, em que a autoridade passa a ser o próprio defensor da liberdade.

Possuindo críticas consistentes ao estilo de vida americano, ao consumismo, ao liberalismo econômico e conceitos enraizados na sociedade atual, Capitão Fantástico busca retratar a questão do isolamento como forma de livrar-se das problemáticas contemporâneas, provando a necessidade de haver um equilíbrio entre todas as partes.

O filme é construído naquele padrão roadtravel semelhante à Pequena Miss Sunshine e Na natureza selvagem em que a viagem é mais importante que o destino final. Durante o trajeto percebemos a relação entre os filhos e Ben ser abalada e reconstruída de diversas formas, acompanhando o amadurecimento dos personagens e o papel de cada indivíduo no núcleo familiar. Embora as personagens femininas não possuam uma construção emocional tão presente quanto os rapazes Bo (George McKay) e Rellian (Nicholas Hamilton), cada um exerce um papel complementar na família e na narrativa, seja por meio da sensibilidade que afeta as decisões conjuntas ou a revolta que os instiga contra o sistema que veem durante a viagem. 

Outra questão importante é sobre o contato entre Ben e seus conhecidos, que o criticam fortemente pelo estilo de vida que tomou para si e sua família, tentando colocar na sua mente a necessidade de viver de acordo com os padrões para prover aos filhos o que é tido como "importante". Em diversas cenas, o protagonista prova que a educação que deu às crianças é superior a oferecida pelo sistema, desconstruindo os padrões estabelecidos e reforçando as falhas existentes no estilo de vida americano. 

Entretanto, ainda que sua família apresente diversos pontos positivos, os pontos negativos referentes à insegurança social e ao pouco conhecimento prático das crianças provam tanto para Ben quanto para quem assiste o filme que a solução não está no isolamento completo, e sim numa reformulação dos valores atuais na intenção de ter o melhor das duas realidades com máximo aproveitamento possível. 

O que mais me apaixonou no filme, além do estilo de vida dos personagens e o elenco em si, é perceber que os personagens não são revoltados ou anarquistas, mas sim libertários. A história é construída sobre um amor altruísta, em que o pai abriria a mão dos próprios filhos pela felicidade deles, em que as escolhas dos mais novos são debatidas em uma discussão saudável e que todos os problemas são solucionados com esse amor em primeiro lugar, antes do orgulho pessoal ou o de qualquer manifestação do egoísmo. A construção de uma sociedade ideal retratada pela família vai muito além da igualdade, chegando até aos valores sociais pautados em sentimentos sinceros e uma comunhão equilibrada. 

Capitão Fantástico possui uma fotografia incrível, o espírito independente existente em torno do enredo é retratado na montagem, na produção, na caracterização dos personagens e principalmente nos cenários. Minha cena favorita acontece no final do filme, num momento musical em que uma paz enorme invade a qualquer um que reconheça a ideia a ser transmitida, mas assumo que o filme me tomou por inteiro do começo ao fim, desde as cenas tocantes até as mais engraçadas. 

Detalhes:
Lançamento: 22 de dezembro de 2016
Dirigido por: Matt Ross 
Gênero: comédia dramática
Duração: 1h58min
Nacionalidade: EUA
Trailer do filme: aqui
Classificação: 

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