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Série: Mr Robot

Por Cecília Fernandes - segunda-feira, julho 25, 2016


Alô, alô membros do fsociety
Eu tenho pensado e programado essa postagem desde que terminei de assistir essa série, mas nunca parei para concretizar minhas ideias. Depois de uma maratona assistindo novamente a única temporada que foi lançada, decidi tomar a atitude de falar um pouco sobre essa série que eu amo tanto, espero que gostem e perdoem minhas epifanias com o enredo e o elenco. 
obs: ataques de uma fangirl estão dentro do texto a seguir
cara de peixinho mais amor de todas

A Série
A série ganhadora do Globo de Ouro de 2015 conta a história de Elliot (interpretado lindamente pelo Rami Malek) , um jovem programador com desordem emocional e psicológica que trabalha como segurança virtual para uma grande corporação chamada E-Corp (ou Evil Corp, como diz o protagonista) durante o dia e como "hacker vigilante" pela noite, utilizando suas habilidades tecnológicas para descobrir segredos de pessoas ao seu redor ele busca nas diversas histórias algo que o interesse.

Acontece que Elliot não é um "hacker vigilante", essa é apenas a forma com que ele se enxerga, mas no começo da série, suas atividades como vigilante incluem xeretar a vida de sua analista, de sua amiga Angela (Portia Doubleday) e dos outros ao seu redor, sempre salvando as informações que tem deles em CDs como uma espécie de Dexter Nerd.  A história realmente começa quando a corporação sofre um ataque e Elliot encontra um root kit que o força a apagar todos os servidores da E-Corp, em um desses servidores ele encontra a assinatura do hacker com uma mensagem para que ele não apague o arquivo. E, talvez por curiosidade ou ódio ao sistema em que vive, ele segue a instrução e acaba entrando em contato com um grupo de ativistas digitais chamado fsociety.

Depois disso Elliot é jogado em uma encruzilhada, quando o próprio Mr Robot (interpretado pelo Christian Slater) - líder do fsociety - o recruta para destruir a firma que ele é pago para proteger. Motivado pelos seus valores e pensamentos pessoais ele acaba se envolvendo com os planos e pessoas do grupo sem saber que existe mais da sua vida que ele realmente sabe.
"Eu não sou tão especial" (é sim s2)

A produção
A série foi criada e é dirigida pelo maravilhoso Sam Esmail com o apoio dos produtores pelo Steve Golin, Chad Hamilton e Igor Srubshchik, a emissora responsável pela sua exibição é a USA Network - que recebeu diversas críticas positivas por trabalhar com uma série tão crítica quanto a sociedade, muitas pessoas não levaram fé que a série seria um sucesso e acharam que seria censurada por conta das mensagens, mas acabou que a galera da produção conseguiu liberdade poética para explorar as ideias -

O drama começou a ser exibido na Usa Network no dia 24 de junho de 2015, mas o episódio piloto foi ao ar dia 27 de maio de 2015 em vários serviços online devido a demanda dos telespectadores ansiosos para explorar o universo da série. Mr Robot teve sua primeira temporada com 10 episódios e foi renovada para uma segunda temporada que vai ao ar dia 13 de julho em 2016 com 10 episódios (amém família) 
"- Real? Você quer falar sobre realidade? Nós não temos vivido nada remotamente perto disso." 
(melhor cena dessa série para mim)

O Contexto
Elliot não é um narrador comum, logo de início percebe-se que ele conta a história inteira para um amigo imaginário que criou na intenção de suprir sua necessidade de socialização, sem ter que diretamente falar com as pessoas, seu personagem enfrenta problemas psicológicos que o levam a alucinar e misturar a realidade com aquilo que idealiza, no começo da série podemos ver os conflitos pessoais que o perturbam, como ele foge deles por meio da morfina e do hacking e suas rasas relações com as pessoas ao seu redor, tudo isso somado a sequência não linear da história cria um aspecto irretocável e surreal que raramente é visto em séries atuais.

Suas epifanias e devaneios durante o dia transportam quem assiste para o interior da cabeça de Elliot, passamos a ver o mundo pelos seus olhos enquanto ele anda de metrô ou trabalha, sentimos na pele a agonia da vida de um homem que tem como amigo um peixe e mora em um apartamento tão miserável quanto seu modo de vida. No primeiro episódio construímos uma ideia concreta dos acontecimentos, mas depois de um tempo, passamos a nos questionar o que é real e o que não é, por exemplo, na parte em que ele entra na sede do fsociety e a mesma se encontra vazia, nos perguntamos se ele inventou a realidade em que vive a fim de fugir de seus problemas ou não.

O contexto todo da série se baseia numa crítica ao estilo de vida contemporâneo, mostrando os lados negativos de uma sociedade capitalista que separa os seres humanos e os aliena numa rotina robótica em busca de uma felicidade que só pode ser obtida por meio do lucro, do consumo, do trabalho compulsivo e sem descanso, uma das minhas cenas de favoritas mostram o Mr Robot analisando o mundo em que vivemos como se fosse uma enorme ilusão controlada pelo dinheiro. A série também crítica as pessoas de hoje em dia, como somos ansiosos, alienados, perdidos, confusos e atores de papéis que buscam impressionar aqueles que estão ao nosso redor em busca de uma validação. Com a construção de incríveis personagens, vemos e entendemos como somos marionetes sem perceber, como nos deixamos levar por falsos valores e perdemos o foco daquilo que realmente importa no meio de tantas propagandas e verdades inventadas. 

Desde os ângulos adotados pela câmera para criar essa ideia de hierarquia, superioridade e inferioridade entre os personagens, até a utilização de cores para expressar emoções intrínsecas nas cenas e as músicas precisamente escolhidas, desde os pequenos detalhes cria-se uma tridimensionalidade na história da série que segue uma linha precisa, mas desvia-se para outros rumos a fim de criar um final impactante, para alcançar o clímax e destruir tudo que o telespectador acredita, um final de tirar o fôlego e de fazer-te querer mais. Elliot é viciado em morfina, e em algum momento, por causa do vício na série, você o entende.
"Eu não sei o que eu deveria fazer" (crush eterno)

5 motivos para amar a série

1. Rami Malek aka Elliot e sua adorável carinha de peixe;

Eu não sei explicar, mas a quedinha que sinto pelo Elliot é real, algo relacionado a sua personalidade, sua forma de ver o mundo e alguns pontos que o fazem ser parecido comigo me fizeram ficar levemente apaixonada por essa cara de peixe fora d'água. 

A questão não é só referente a paixonite por ele, eu acompanho o ator desde Uma Noite no Museu e realmente notei como ele encarnou o personagem inteiramente, representando os trejeitos do mesmo sem perder o charme que carrega desde Need for Speed e outras produções, adotando as manias e vícios, os tiques e características específicas de Elliot, dando vida ao mesmo e sempre adicionando detalhes que ajudaram na formação de um personagem único 

2. Personagens fortes tecem uma rede de emoções marcantes;

Cada personagem apresenta uma personalidade baseada num esteriótipo, mas desenvolvida de forma individual pelos atores. Desde um empresário ambicioso disposto a fazer tudo que for necessário para alcançar o maior posto na empresa até uma melhor amiga com problemas no relacionamento buscando algo para ter como propósito de vida, Mr Robot mostra como somos diferentes e ao mesmo tempo semelhantes quando se trata de sentimentos.

A série é bem diversificada, os personagens buscam retratar e quebrar tabus relacionados a drogas, desvios psicológicos, vícios, a vida nas grandes cidades e corporativismo, cada personalidade completa as peças que formam a trama, cada atitude atinge os telespectadores e cria uma afinidade com os mesmos, dessa forma, constrói-se uma rede de emoções e momentos marcantes.

3. Critica a sociedade, os ricos, os pobres e acima de tudo os humanos;

A crítica começa junto com o grupo fictício conhecido como fsociety  que é uma representação do real grupo Anonymous e seus ideais, por meio disso, os diretores incorporaram a questão da dominação alienadora pela tecnologia junto a revolta dessa dominação que utiliza a tecnologia como arma contra o exercício da opressão sobre os menores. 

A série busca tratar assuntos como preconceito, desigualdades sociais, pobreza, riqueza e o ser humano do século XXI mostrando que a origem dos nossos conflitos está no sistema, na forma com que a sociedade foi criada, na forma que divididos desde o nascimento, nos rótulos que são impostos sobre nós, na crença de não questionar, não lutar, não criar uma fagulha que mude a situação. 

A série critica a utilização de máscaras na realidade por meio de um grupo que as utiliza para ironizar a situação em que vivemos, montando um cenário onde todos são atores e telespectadores das próprias vidas, dessa forma cria-se toda uma ideia que busca provar a necessidade de uma mudança que alcance a todos.

4. É realista

Pra começar, a série retrata uma sociedade real. É uma das primeiras que conheço que retrata um protagonista com reais e visíveis problemas psicológicos sem romantiza-lo, mostra a perspectiva que ele tem do mundo sentindo a constante agonia de estar sendo observado, perseguido e procurado, mostra pessoas com problemas de dinheiro, problemas no relacionamento, problemas que afetam sua vida profissional, que se acumulam e não simplesmente somem ou são superados da noite para o dia.

Temos cenários reais, figurantes que são simples pessoas na rua, temos citações e vídeos de presidentes que existem e existiram aparecendo em diversos momentos, temos uma realidade alterada pelos conflitos e alucinações de um protagonista que é como é devido uma infância conturbada que o levou a seguir rumos incertos. É uma série real, com movimentos e mensagens necessárias. 

5. Referências por todos os lados
referência ao grupo Anonymous (de novo)
referência a Marla Singer de Clube da Luta

Dentro da série vemos diversas referências a obras como as de Quentin Tarantino ou filmes como Laranja Mecânica, Matrix, Clube da Luta e Taxi Driver, não apenas nos temas abordados dentro da trama, mas também na caracterização dos personagens, nas vestimentas, nos filtros visuais, na posição da câmera em algumas cenas e até mesmo por meio de citações diretas podemos notar as fontes de inspiração usadas para criar a série. Vale ressaltar que a logo da série utiliza a mesma tipografia que a SEGA - uma empresa desenvolvedora de software para videogames - se referindo justamente as multinacionais e corporações que fazem parte do contexto do drama. 

O próprio diretor confirmou que buscou no exterior pequenas coisas para poder desenvolver a série: "Eu tirei um pouco de cada filme e seriado que eu já vi na vida", afirmou Esmail quando questionado sobre o processo de criação da série numa entrevista ao Entertainment Weekly. Dessa forma, pode-se notar a ressurreição de clássicos adaptados ao mundo atual no meio da história, criando um equilíbrio entre as épocas e incentivando os telespectadores a criar uma conexão entre o programa e os filmes utilizados como inspiração.

Assista o trailer da primeira temporada



fontes

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