Seres humanos e seu incrível instinto de continuar andando

Por Cecília Fernandes - domingo, fevereiro 28, 2016


Segundo o autor W. McDougall os instintos são estruturas inatas de comportamento que conduzem a (1) um determinado direcionamento da percepção(2) a uma determinada reação emocional e (3) a uma tendência a reagir ao objeto percebido de uma determinada maneira. 
Diante de situações adversas no cotidiano, as pessoas de modo instintivo reagem negativamente baseados em uma ferramenta imperceptível quando respondem a um conflito, geralmente as defesas emocionais induzem o indivíduo a negar ou se omitir buscando uma rota de fuga que não altere o espaço atual de conforto em que se encontram. 
É importante salientar que não se trata de uma reação racional e sim de um reflexo emocional onde de forma automática a pessoa se refugia atrás de uma barreira criada por ela mesma, composta de justificativas e argumentos, que a "protegem" da colisão com a divergência que o assola naquele momento.  
Como ilustração simples do cenário acima, imagine uma pessoa atrasada andando rumo a seu trabalho, no meio do caminho ela encontra uma latinha amassada jogada no chão a alguns passos de uma lixeira podendo perfeitamente pega-la e colocar a mesma no lugar correto, mas na maioria das vezes, por instinto ou costume, apenas desviamos da latinha continuando nossos caminhos por pensar que aquilo não é nossa responsabilidade, afinal não a jogamos ali, temos mais o que fazer, ou pior, pensamos que "existem pessoas específicas para esse trabalho, e eu não sou uma delas" em uma espécie de egocentrismo cíclico onde apenas o nosso universo e nossas vidas existem no mundo 
A mesma situação se aplica a pessoas que recebem a notícia da morte de um parente ou o diagnóstico de uma grave doença, ela pode ter diversas reações, no entanto o mais provável é que instintivamente ocorra a negação daquela realidade, a revolta com o quadro apresentado, a decepção quanto aos fatos e por fim uma aceitação parcial com remanescentes inconstantes dos sentimentos previamente explorados.  
O que eu busco mostrar com esse texto é que nos afastamos de conflitos dos mais variados tamanhos deixando-os acumular atrás de nós quando poderíamos resolve-los de forma prática para continuar sem peso, esse texto surgiu na minha mente após diversas situações práticas desse instinto com amigos, família e até pela minha parte, quando o escrevo não me coloco acima dos reflexos emocionais que regem grande parte das nossa ações, declaro uma falha que percebi para aqueles que leram até aqui buscando gerar uma reflexão e consequentemente a uma solução.  
Talvez, se parássemos de andar, tirássemos os olhos dos celulares saíssemos das bolhas criadas ao nosso redor encarando nos olhos os problemas que nos confrontam durante o dia, a fim de resolve-los, nossos caminhos seriam menos tortuosos e nossos futuros seriam recomeços sem a interrupção de assuntos inacabados. 

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