Café Fest Brasil apresenta bate-papo sobre papel do consumidor no mercado de cafés especiais

Por Cecília Fernandes - sexta-feira, abril 12, 2019

Na Praça de Alimentações do Shopping Cerrado, em Goiânia, o Café Fest Brasil abriu espaço para consumidores de cafés especiais conversarem sobre suas experiências e opiniões.
Entrada do evento no Shopping Cerrado, local onde ocorreu a conversa com os participantes inscritos. Foto por: Cecília Fernandes
No último sábado, 6 de abril, aconteceu o bate papo “Não é só papo de Barista: O papel do consumidor no consumo de café especial”, na primeira edição do Café Fest Brasil. O evento, que ocorreu no Shopping Cerrado, em Goiânia,  trouxe os coffeelovers Márcio Suzaki (@coffeekaze), o advogado e barista Gustavo Afonso (@degustadordecafés) e Shara Ribeiro, do Clube do Café sem Açúcar para conversar com os participantes sobre o papel do consumidor neste mercado.

Mediado pelo barista e organizador do evento Pablo Jaime, a conversa abordou o crescimento do mercado de cafés especiais, a busca por conhecimento sobre os produtos por parte dos brasileiros, o comportamento do público em relação às cafeterias e a adoção do hábito do café especial em casa. “A nossa intenção hoje é mostrar que café especial não é só papo de barista e coffeelover, desmistificar essa visão de uma bebida cara, elitizada, inacessíve”, explicou Márcio Suzaki logo no início.

Conceito inicial
O conceito de café especial, abordado ao longo do Festival, é explicado pelo barista Thiago Cavalheiro. Cavalheiro define que cafés especiais são aqueles submetidos a rigoroso controle de qualidade em todas as fases de sua cadeia produtiva, desde a colheita até a torra. A Specialty Coffee Association (SCA) estabelece uma definição mais técnica, conceituando café especial como aquele que obtém 80 pontos no Método de Avaliação Sensorial, que leva em consideração fatores como fragrância, uniformidade, doçura, sabor e outros quesitos.

Márcio Suzaki afirma que o café especial, o bom café, é aquele que a pessoa gosta, apesar dos parâmetros internacionais. "Se você gosta de café com mais açúcar, mais forte, menos forte, tudo bem. Não tem certo ou errado com o café, tem o que o paladar gosta" explica quando questionado pelo barista Gustavo Afonso sobre consumo do café com açúcar.

Para Shara Ribeiro, o interessante do processo de consumir café especial é desenvolver seu paladar e perceber como ele reage no seu organismo. "Eu aprendi a perceber em meu corpo, no meu estômago principalmente, as reações de cada tipo de café. O importante é a satisfação daquele momento, estabelecer regras sobre esse processo é dizer que sua verdade é maior que a do outro", relatou dentro do assunto de como consumir um café especial.
Gustavo Afonso relata suas experiências com o café tradicional. Foto: Cecília Fernandes
Crescimento no mercado
A pesquisa pela Associação Brasileira da Indústria de Café - ABIC, coordenada pela Embrapa Café no período de novembro de 2013 e outubro de 2014, concluiu que, no Brasil, o café é a segunda bebida mais consumida, perdendo para a água. "Criar a tradição de conhecer o produto que você consome, transformando o ato de beber café em um momento pessoal é o primeiro passo para encontrar neste hábito um hobbie e entender a importância de um consumo de qualidade.", explicou Shara Ribeiro sobre o processo que a levou a aumentar o consumo de café em sua vida.
A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) realizou um levantamento, no período de novembro de 2017 a outubro de 2018, cujos dados mostraram que o consumo de café no Brasil chegou a 21 milhões de sacas, representando um crescimento de 4,% em relação ao período anterior. As conclusões desse levantamento apontam para o crescimento no consumo de cafés especiais por parte do brasileiro, principalmente pelo crescimento no número coffeelovers, que representam entre 40% e 50% do volume total de vendas, e têm o hábito de produzir café especial para consumo próprio.

Os participantes tiveram a oportunidade de tirar dúvidas com os palestrantes e organizadores do Café Fest Brasil.
Na foto da esquerda, o barista e proprietário do King Cafés Especiais, Rodrigo Ramos, toma a palavra para dar informações sobre o mercado do café no Brasil. Ao lado dele, o barista, organizador e proprietário da Speciale Café, Pablo Jaime, atua como mediador da roda de conversa. Foto: Cecília Fernandes
A visão do consumidor
Para Nicolas Molina, estudante de Educação Física na Universidade Estadual de Goiás e apaixonado por café, a palestra o ensinou mais sobre um produto que consome diariamente, "O conhecimento que eles trouxeram a respeito da industrialização do café tradicional me despertou o interesse e a preocupação para o que tenho consumido".

Além disso, o participante elogiou o método utilizado para o bate-papo. Segundo ele, a dinamicidade dos palestrantes em responder as perguntas dos participantes com dados e profundidade nas questões relacionadas o manteve interessado durante as duas horas de conversa. "Acredito que saí do bate-papo menos leigo sobre uma bebida que gosto, com mais noção como consumidor.", afirma sobre suas percepções do evento.
Como barista e consumidor, Gustavo Afonso relaciona esse crescimento no mercado principalmente ao acesso à informação pela internet e pelos mecanismos de pesquisa atuais. Para ele, o conhecimento sobre o mercado cria consumidores mais exigentes. "Há uma tendência de um consumidor preocupado com a saúde, que tem buscado alimentos orgânicos, um consumo saudável e de qualidade. É por conta dessa preocupação, dessa exigência, consequente do conhecimento, que o mercado do café especial têm crescido", complementa.

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